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Queridos irmãos
Saudações da Beira – Moçambique
Foi uma semana muito preenchida, onde me tenho apercebido cada vez mais do drama que muitas pessoas ainda estão a viver. Vejo como é importante para as pessoas aqui poderem compartilhar uns com os outros as situações que têm vivido. Só agora muitas pessoas da Beira podem ver vídeos da devastação deixada pelo Ciclone Idai. Muitos nem se tinham apercebido da grande área afectada – sem televisão, rádio ou comunicações, não era possível terem toda a informação que nós, estando de fora, podíamos ter. Há muita solidariedade para com as pessoas do norte, que foram afectadas pelo ciclone Kenneth. E uma grande vontade de recomeçar.
Já visitei 4 das casas dos membros da nossa equipa. Indo para os bairros onde vivem, as pessoas tentam retomar às suas vidas, de uma maneira mais ou menos normal. As crianças brincam, enquanto as mães cuidam da família. Muitas casas ficaram sem telhado, outras ficaram completamente destruídas – agora juntam o entulho que ainda pode vir a ser útil para a reconstrução. Algumas pessoas conseguiram lonas ou plástico para servir de cobertura. Outros ainda conseguiram aproveitar algumas das chapas de zinco, que mesmo danificadas, é melhor do que dormir ao relento. Muitas árvores foram arrancadas pelas raízes, e estas agora servem para lenha, ou até barrotes. As árvores que não foram arrancadas, depois de devidamente podadas, já estão a ficar cobertas de folhas verdes.
Agora que já temos algumas cotações, esperamos que nos próximos dias podemos começar as obras de reconstrução das casas.
Para terminar a semana, viajei com a Maria e o Joaquim para Lamego. Numa viagem de 2 horas, no caminho deu para ver muito do que os outros sofreram fora da cidade da Beira – a parte da estrada que ficou completamente destruída, vista de perto ainda é mais impressionante – imaginar a força da água que consegui parar tudo aquilo!
Em Lamego, o Ir. Alfredo, com quem temos trabalhado há mais de 20 anos, tem sido um grande impulsionador para o desenvolvimento do trabalho com crianças naquela zona. Ele tem motivado muitas igrejas a criarem escolas dominicais e a treinarem os professores para trabalharem com crianças. Estavam representadas 19 igrejas com cerca de 25 professores a participarem do seminário. A Maria apresentou o nosso curso prático para os professores da escola dominical, diretamente na língua de Sena. De seguida, tivemos uma sessão, que eu apresentei e a Maria interpretou. Desta vez eu quis concentrar-me no facto de que a igreja é formada por todos os crentes – não é o edifício. Mesmo que o edifício tenha caído, a igreja do Senhor permanece. Também falei da responsabilidade como igreja, e do impacto que devemos ter nas comunidades, tanto na nossa maneira de viver como em levarmos o Evangelho aos perdidos.
Tivemos um intervalo onde oferecemos sumo e bolachas ao enorme grupo de crianças que se juntou ali. Distribuímos os manuais e mais de 600 livros de atividades. Depois do almoço, que já tinha sido organizado pelo Ir. Alfredo, tivemos uma segunda sessão. Desta vez, o Joaquim interpretou para Sena. Apresentei uma das lições da escola dominical sobre como Deus escolheu David para ser o rei de Israel. Tudo isso ajudará as crianças, e suas comunidades, enquanto se recuperam do choque que o Ciclone Idai causou.
Mais uma vez pude ver naqueles irmãos e irmãs, na sua maioria jovens, o desejo de levarem a Palavra de Deus aqueles que ainda não o conhecem.
Por favor, continuem a orar por Moçambique. Que o povo de Deus aqui, possa reconstruir as suas vidas, firmes na Rocha que é Jesus.
Juntos na obra do Mestre
Cámica Hemborough
08-05-19